A Clínica de Hemodiálise de Brumado tem sido palco de inúmeras reivindicações, com pacientes e servidores insatisfeitos. Em entrevista ao site Achei Sudoeste e ao programa Achei Sudoeste no Ar, o secretário municipal de saúde, Danilo Menezes, esclareceu, em primeiro lugar, que a clínica não está sob a gestão do Município. “A Clínica de Hemodiálise é administrada pela Fundação Terra Mãe. A coordenação, a direção, os profissionais que lá trabalham não são contratados, nem são gerenciados, pela prefeitura”, explicou. A clínica é cadastrada junto ao Ministério da Saúde para prestar serviços por meio do SUS (Serviço Único de Saúde). Segundo o secretário, ao Município de Brumado cabe apenas o repasse das verbas disponibilizadas pelo Governo Federal à clínica e a fiscalização da unidade. Com relação às providências adotadas pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Menezes adiantou que fará um levantamento acerca das queixas apresentadas pelos pacientes, especialmente no que diz respeito ao suposto número aumentado de óbitos de usuários da clínica, a fim de entender o que, de fato, está acontecendo. “Também já estamos tomando algumas providências para fazer vistorias e avaliar se as queixas são pertinentes ou não. Iremos fazer levantamentos e estatísticas e encaminharemos relatórios para o Ministério da Saúde e aos demais órgãos fiscalizatórios”, detalhou. Em caso de procedência das reclamações, o secretário garantiu que a gestão da clínica será substituída.

Nesta quinta-feira (30), os atendimentos continuam suspensos na Clínica de Hemodiálise de Brumado. Ao site Achei Sudoeste e ao programa Achei Sudoeste no Ar, a paciente Maria Edna disse que os funcionários da unidade paralisaram as atividades em protesto devido aos atrasos no pagamento dos salários. Pacientes da cidade e de diversos municípios da região aguardam no local para realização da diálise. Segundo Edna, a unidade é precária e a Vigilância Sanitária precisa intervir para saber o que está acontecendo na clínica. “A situação tá feia. É uma luta”, apontou. De Livramento de Nossa Senhora, o paciente Vitório José destacou que os administradores da Clínica de Hemodiálise sequer comparecem no local e não gerenciam os recursos da forma devida. “É uma vergonha! Cadê o governo do estado, o secretário de saúde? É hora de agir. Os donos da clínica nem aqui vêm. Recebem os recursos e não fazem um bom trabalho. Só visam lucro”, disparou. Indignado, ele relatou que muitos pacientes, incluindo idosos, necessitam fazer hemodiálise três vezes por semanas e esse tipo de má gestão do serviço não pode ocorrer, sob risco de pessoas perderem a vida.

Técnicas de enfermagem que atuam na Clínica de Hemodiálise de Brumado denunciaram que a unidade está vivenciando uma crise devido à falta de pagamento dos servidores. Pedindo para não serem identificadas, elas relataram ao site Achei Sudoeste e ao programa Achei Sudoeste no Ar que não receberam os salários do mês de dezembro, nem tampouco o retroativo do piso salarial. “Pagam dois meses, depois passamos mais dois meses sem receber”, afirmou. Uma das profissionais atua na clínica há 9 anos. Segunda ela, essa é a pior crise registrada no local. “Dessa vez está pior porque o descaso tem tomado conta. Estamos nos sentindo completamente humilhados”, apontou. Ambas denunciaram ainda que, apesar da alta demanda na unidade, muitos profissionais estão sendo contratados sem a devida capacidade técnica. A situação se reflete na qualidade do atendimento dos inúmeros pacientes que precisam fazer hemodiálise frequentemente. Em virtude da crise, os atendimentos foram suspensos no local nesta quarta-feira (29). As técnicas de enfermagem explicaram que essa suspensão tem um sério impacto na saúde dos pacientes. “O rim de um paciente dialítico não funciona. Então, através da diálise, ele vai dialisar 12 horas por semana. Ou seja, um dia que eles ficam sem dialisar acumula peso, aumenta sódio e potássio e sobrecarrega todos os outros órgãos, complicando mais ainda sua situação e levando a risco de morte”, ressaltou. Mais de 160 pacientes são assistidos na unidade. Buscando pelos seus direitos e dos pacientes, as profissionais frisaram que não se trata apenas de cobrança de salários atrasados. Elas querem que a questão chegue até as autoridades competentes para que a problemática seja resolvida para o bem-estar de todos. Com a direção da clínica, mesmo com os apelos feitos, nada foi solucionado e a justificativa é a falta de repasse público, o que, de acordo com as técnicas, não procede.

A crise na Clínica de Hemodiálise de Brumado, nesta quarta-feira (29), se agrava, após a paralisação de servidores da limpeza, e pacientes de 21 municípios da região manifestam indignação diante da falta de compromisso com a continuidade dos tratamentos. No total, 163 pacientes de Brumado e região dependem do serviço de hemodiálise na unidade. Muitos deles enfrentam grandes deslocamentos e ao chegar ao local, se depararam com a paralisação. O que tem gerado revolta e desespero. “Estamos lutando por nossas vidas e sendo tratados com descaso”, disse um paciente de Boquira, em entrevista ao site Achei Sudoeste e ao programa Achei Sudoeste no Ar. Outro paciente de Brumado, reforçou a gravidade da situação, destacando que o atraso no atendimento e a incerteza sobre quando serão atendidos aumentam ainda mais o sofrimento. “Já estamos 27 minutos atrasados e ainda não sabemos o que vai acontecer”, disse ele. Procurada pela nossa reportagem, a direção do hospital não se pronunciou sobre o ocorrido até a publicação desta matéria.

Pacientes da Clínica de Hemodiálise de Brumado enfrentaram uma situação crítica nesta quarta-feira (29), devido à paralisação dos serviços de higienização da unidade. De acordo com os pacientes, os profissionais do setor estão há dois meses sem receber salário, o que resultou na suspensão dos atendimentos. Um dos pacientes afetados, relatou ao site Achei Sudoeste e ao programa Achei Sudoeste no Ar que os funcionários da limpeza paralisaram suas atividades por falta de pagamento e que até o momento não receberam nenhuma previsão de quando a situação será normalizada. “A médica nos informou que, se continuar assim, todos ficarão sem tratamento”, alertou Marcos André. O problema levou os próprios pacientes a considerarem custear do próprio bolso os salários dos profissionais para garantir o atendimento. “Não podemos ficar sem tratamento. É uma questão de vida ou morte”, destacou o paciente, explicando que os procedimentos de hemodiálise são vitais e devem ser realizados regularmente, três vezes por semana, com duração de quatro horas cada sessão. A diretoria da unidade não se pronunciou sobre o caso. A Clínica de Hemodiálise, que gerida pela Fundação Terra Mãe, atende 21 municípios do Sudoeste Baiano, Sertão Produtivo, Bacia do Paramirim e Chapada Diamantina.

Em entrevista ao Achei Sudoeste, pacientes da Clínica de Nefrologia Clinefro, em Brumado, voltaram a denunciar que a unidade não possui médico nefrologista. Segundo um paciente que preferiu não se identificar, apenas após as denúncias veiculadas na mídia, a irmã do dono da clínica, que é nefrologista, atenderia na unidade nesta segunda-feira (17). “Tem três meses que ninguém olha um exame. Ficamos inseguros porque é um tratamento delicado. Muitas vezes, a sensação é de que o cara vai, mas não sabe se volta. Qualquer vacilo que eles derem vamos sofrer as consequências”, disse. Necessitando fazer hemodiálise três vezes por semana, o paciente afirmou que a clínica está sendo negligente ao dispor apenas de clínicos, os quais, muitas vezes, não sabem lidar com casos específicos e de maior gravidade. Ele apontou que o local precisa ser investigado e que há um corporativismo muito grande quando se trata desse tipo de denúncia. “O paciente não é ouvido”, enfatizou. Por fim, o denunciante disse que, em sua opinião, alguns pacientes já vieram a óbito no local justamente em razão da falta do médico especialista. Uma paciente já havia denunciado a falta de especialista na unidade na última semana (veja aqui), mas a clínica negou as acusações (veja aqui).

Em nota enviada ao site Achei Sudoeste, a Clinefro (Clínica de Hemodiálise de Brumado), gerida pela Fundação Terra Mãe, esclareceu que o médico nefrologista que atendia na unidade foi desligado, por motivos pessoais, no dia 16 de setembro do corrente ano. A partir da data, segundo informou, uma nova médica especialista passou a atender na clínica. O esclarecimento veio após denúncias de que a Clinefro estaria deixando os pacientes sem a devida assistência em razão da falta de atendimento especializado (veja aqui). Na nota, a diretora administrativa da unidade, Ana Maria de Lima, rebateu a alegação, garantindo que, em nenhum momento, os pacientes ficaram sem diálise ou assistência médica. “A direção da clínica segue em busca de mais profissionais médicos especialistas em nefrologia para compor o quadro clínico em todo estado”, afirmou. Por fim, reiterou o compromisso de atender com assistência segura e de qualidade.